domingo, 22 de dezembro de 2013

Há muito barulho em mim, meu bem. Uma orquestra dessincronizada aonde os solistas não tem mais força nas mãos ou no gogó para tocar harmonicamente. Tem tanto em mim, meu amor. Tanto do tudo que contrasta com o meu drama protuberante. Escuto os gritos da minha infância: “Vai, conquista o mundo com a tua arte, menina.” Não sei como respondo a esse sinhô desse meu passado até que bonito, pois tenho vinte anos e não consigo derrubar meus fantasmas pessoais quem dirá o dos outros, desses tantos outros. Visto na minha carne as mais bonitas lembranças e acordo assustada com as mais tenebrosas. Esses dias o sol estica as mãos até a minha janela e traz um feixe de luz tristonho, mas depois os pássaros cantam. Depois uma chuva calma torna a manhã fria. Não lembro porque fui triste até as minhas ideias despertarem. Mas, tristeza se embala na rede onde meu gosto por fazer arte tem dormido. Não grito para ele acordar. Ele é preguiçoso, dorminhoco, ocupa todo o espaço da varanda, mas quando acorda, quando acorda é coisa bonita, é coisa que brota das minhas mãos nervosas. Quando acorda estica os braços alcançando as estrelas de outra via láctea, de outros seios, grita expulsando as bactérias presas na garganta, cospe, elimina o lixo acumulado dos seus pesadelos, se balança na rede rindo, observa os olhos da musa, faz amor com as palavras, goza toda a sutileza, suja o chão de tinta, corre, rala as pernas, e depois cansa, relaxa as costas, chora e dorme de novo.
Layla G.

Nenhum comentário:

Postar um comentário